Mensagem
do Grão Mestre
"Sei
de uma criatura antiga e formidável, Que a si mesma devora os membros e as
entranhas, Com a sofreguidão da fome insaciável. Habita juntamente os vales e as
montanhas; E no mar, que se rasga, à maneira do abismo, Espreguiça-se toda em
convulsões estranhas. Traz impresso na fronte o obscuro despotismo; Cada olhar
que despede, acerbo e mavioso, Parece uma expansão de amor e egoísmo. Friamente
contempla o desespero e o gozo, Gosta do colibri, como gosta do verme, E cinge
ao coração o belo e o monstruoso. Para ela o chacal é, como a rola, inerme; E
caminha na terra imperturbável, como Pelo vasto arealum vasto paquiderme. Na
árvore que rebenta o seu primeiro gomo Vem a folha, que lento e lento se
desdobra, Depois a flor, depois o suspirado pomo. Pois essa criatura está em
toda a obra: Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto, E é nesse destruir
que as suas forças dobra. Ama de igual amor o poluto e o impoluto; Começa e
recomeça uma perpétua lida; E sorrindo obedece ao divino estatuto. Tu dirás que
é a morte; eu direi que é a vida."
Machado
de Assis
Iniciamos as atividades da Grande Loja do Paraná
dentro de um clima envolvido pelo contraste que nos proporciona a morte e a
vida. Pelo contraste advindo da demonstração do interesse e pelo descaso. Pelo
encontro da felicidade e pela decepção que a tristeza carrega consigo.
A família maçônica ficou menor. No desastre que foi
o incêndio havido em Santa Maria, Rio Grande do Sul, os desígnios do GADU
fizeram com tivéssemos subtraídos de nosso convívio, dentre os cerca de 240
jovens convocados a comporem o seu Oriente, cinco, duas Filhas de Jó e três
DeMolays, que viviam, com a sua alegria e com a sua felicidade, fazendo brilhar
as vidas dos Tios e Tias.
A impactante morte destes jovens faz com que se
reinicie a ladainha que sempre sucede as tragédias, tratando-se do rigor que se
deveria ter em relação a tantas coisas que nos cercam, que nos envolvem e que
são, às vezes desprezadas, às vezes objeto da omissão decorrente da negligência
ou da deletéria corrupção.
Não precisamos de regras. Sabido, à saciedade, que
temos um dos maiores volumes de Leis e de regras que se possa imaginar para a
organização de um País.
O que nos falta é a disposição de que cada um as
observe e as cumpra.
O que nos falta é a indignação ante a constatação
de que a quebra das regras e, principalmente, a corrupção, eliminam o princípio
da igualdade entre os Cidadãos e distorcem todos os meios de convivência na
Comunidade.
Nos assusta o fato de que, mesmo deparando-nos com
a morte desnecessária, advinda da não observação das regras, legais e técnicas,
todo o sistema mostre-se insensível, reconduzindo à Presidência da Câmara Alta
de Leis, o Senado Federal, alguém que já demonstrou pouco caso com a moral e
com a ética, sejam observados como meio, ou como fim, como argumentou o
personagem, esquecendo-se que, se a moral é adaptável aos tempos, baseia-se na
ética, que, nem meio e nem fim, é um PRINCÍPIO basilar a ser observa-do.
Que o sacrifício inadmissível de nossos jovens,
como o foi em Santa Maria, não sirva apenas para justificar os discursos e as
retardadas ações fiscalizadoras agora desencadeadas, que mais do que demonstrar
preocupação, apenas confirmam o descaso com que somos sempre tratados.
Que este sacrifício seja o toque definitivo em
nossas consciências, trazendo-nos indignação suficiente para fazer com que o
nosso País não precise mais ter uma "Lei da Ficha Limpa", pois mais
do que suficiente será a demonstrada vontade do Povo, para fazer com que os
"Fichas Sujas" tenham vergonha de assumir funções de relevo na
condução de nossos destinos.
Iraci da Silva Borges
Grão Mestre
“De tanto ver crescer a INJUSTIÇA, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos MAUS, o homem chega a RIR-SE da honra, DESANIMAR_SE de justiça e TER VERGONHA de ser honesto”
ResponderExcluirRui Barbosa