sábado, 16 de fevereiro de 2013

Mensagem do Grão Mestre da grande loja do paraná.

 
 
Mensagem do Grão Mestre
"Sei de uma criatura antiga e formidável, Que a si mesma devora os membros e as entranhas, Com a sofreguidão da fome insaciável. Habita juntamente os vales e as montanhas; E no mar, que se rasga, à maneira do abismo, Espreguiça-se toda em convulsões estranhas. Traz impresso na fronte o obscuro despotismo; Cada olhar que despede, acerbo e mavioso, Parece uma expansão de amor e egoísmo. Friamente contempla o desespero e o gozo, Gosta do colibri, como gosta do verme, E cinge ao coração o belo e o monstruoso. Para ela o chacal é, como a rola, inerme; E caminha na terra imperturbável, como Pelo vasto arealum vasto paquiderme. Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo Vem a folha, que lento e lento se desdobra, Depois a flor, depois o suspirado pomo. Pois essa criatura está em toda a obra: Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto, E é nesse destruir que as suas forças dobra. Ama de igual amor o poluto e o impoluto; Começa e recomeça uma perpétua lida; E sorrindo obedece ao divino estatuto. Tu dirás que é a morte; eu direi que é a vida."
Machado de Assis
Iniciamos as atividades da Grande Loja do Paraná dentro de um clima envolvido pelo contraste que nos proporciona a morte e a vida. Pelo contraste advindo da demonstração do interesse e pelo descaso. Pelo encontro da felicidade e pela decepção que a tristeza carrega consigo.
A família maçônica ficou menor. No desastre que foi o incêndio havido em Santa Maria, Rio Grande do Sul, os desígnios do GADU fizeram com tivéssemos subtraídos de nosso convívio, dentre os cerca de 240 jovens convocados a comporem o seu Oriente, cinco, duas Filhas de Jó e três DeMolays, que viviam, com a sua alegria e com a sua felicidade, fazendo brilhar as vidas dos Tios e Tias.
A impactante morte destes jovens faz com que se reinicie a ladainha que sempre sucede as tragédias, tratando-se do rigor que se deveria ter em relação a tantas coisas que nos cercam, que nos envolvem e que são, às vezes desprezadas, às vezes objeto da omissão decorrente da negligência ou da deletéria corrupção.
Não precisamos de regras. Sabido, à saciedade, que temos um dos maiores volumes de Leis e de regras que se possa imaginar para a organização de um País.
O que nos falta é a disposição de que cada um as observe e as cumpra.
O que nos falta é a indignação ante a constatação de que a quebra das regras e, principalmente, a corrupção, eliminam o princípio da igualdade entre os Cidadãos e distorcem todos os meios de convivência na Comunidade.
Nos assusta o fato de que, mesmo deparando-nos com a morte desnecessária, advinda da não observação das regras, legais e técnicas, todo o sistema mostre-se insensível, reconduzindo à Presidência da Câmara Alta de Leis, o Senado Federal, alguém que já demonstrou pouco caso com a moral e com a ética, sejam observados como meio, ou como fim, como argumentou o personagem, esquecendo-se que, se a moral é adaptável aos tempos, baseia-se na ética, que, nem meio e nem fim, é um PRINCÍPIO basilar a ser observa-do.
Que o sacrifício inadmissível de nossos jovens, como o foi em Santa Maria, não sirva apenas para justificar os discursos e as retardadas ações fiscalizadoras agora desencadeadas, que mais do que demonstrar preocupação, apenas confirmam o descaso com que somos sempre tratados.
Que este sacrifício seja o toque definitivo em nossas consciências, trazendo-nos indignação suficiente para fazer com que o nosso País não precise mais ter uma "Lei da Ficha Limpa", pois mais do que suficiente será a demonstrada vontade do Povo, para fazer com que os "Fichas Sujas" tenham vergonha de assumir funções de relevo na condução de nossos destinos.
 
Iraci da Silva Borges
Grão Mestre
 

Um comentário:

  1. “De tanto ver crescer a INJUSTIÇA, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos MAUS, o homem chega a RIR-SE da honra, DESANIMAR_SE de justiça e TER VERGONHA de ser honesto”

    Rui Barbosa

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