quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Grau 20 – Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre “Ad Vitam” (REAA)

Avental do Grau 20 – Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre “Ad Vitam” (REAA) Os trabalhos são realizados numa Câmara denominada de “Tribunal”. O Grau é outorgado por comunicação, dispensada a Iniciação. Não é usado Avental, mas, apenas uma Faixa azul marchetada de amarelo; a jóia consiste num triângulo dourado onde está inserida a Palavra Sagrada. Para a abertura dos trabalhos devem estar presentes, no mínimo, nove Irmãos portadores do Grau 20. O Presidente denomina-se Grão-mestre e representa a Ciro Artaxerxes; os Vigilantes denominam-se Oficial e Segundo Oficial; os Oficiais são resumidos em Mestre de Cerimónias, Hospitaleiro, Orador, Secretário e Guarda do Templo; os Oficiais apenas ocupam os seus lugares, sem interferir no Cerimonial. A Cerimónia do Grau refere dois factos: a construção do Templo e o conhecimento da Verdade. A Câmara é decorada com ornamentos em azul com franjas amarelas; o Trono é colocado no Oriente erguido sobre nove degraus; diante do Altar, há um grande Candelabro de nove Luzes em forma de triângulo. O Presidente dirige os trabalhos empunhando um Malhete. No centro da Câmara encontram-se três Colunas colocadas em forma de triângulo, sobre as quais são colocadas as inscrições: Verdade, na do Oriente, Tolerância na do Sul e Justiça na do Ocidente. No Dossel situado no Oriente é colocado um Triângulo radiante e no centro, inserida a inscrição: “Fiat Lux”. O Candidato toma o nome de Zorobabel; o tema da sessão obedece às inscrições das Colunas. Os participantes têm o nome de Soberanos Príncipes da Maçonaria e o seu dever é o de difundirem a Verdade por todos os recantos da Terra. Inspira os trabalhos a lenda dos sábios caldeus, adoradores do fogo. A Caldeia, denominada pelos gregos de Babilónia, abrangia apenas alguns povoados na parte inferior dos rios Tigre e Eufrates; era uma das civilizações mais antigos, três mil anos antes de Cristo; o povo cultivava o trigo e trabalhava os metais; as cidades eram edificadas com tijolos de barro cozido; cada cidade tinha um Rei- sacerdote; eram os adoradores do Fogo e a sua missão era educar o povo, daí a origem da “liberdade de ensino”, tão discutida no século passado, em especial, no Brasil. O Grau 20 preocupa-se em analisar os métodos de ensino: o sintético, o analítico. A orientação é manter o ensino privado e estatal; essa liberdade conduz à liberdade de pensamento. Na actualidade, num país democrático, já não há essa preocupação do ensino laico, de modo que o Grau 20 passou a ser de mera comunicação, sem relevância alguma. A Maçonaria, sendo Escola, instrui os seus Membros e cada Mestre tem a autoridade de, em discussão tolerante, expor os seus pensamentos e contribuir para que do diálogo surja, sempre, a Verdade. O Juramento do Grau envolve a sua filosofia: “Juro e prometo, propagar e sustentar os princípios da Igualdade, o gozo dos Direitos Naturais, a Liberdade de Ensino e do Pensamento e difundir a Verdadeira Luz em qualquer lugar onde me encontrar; guardar profundo silêncio sobre os segredos do Grau e aperfeiçoar-me na arte da Palavra para tornar-me digno desta Tribuna“. Assim o Maçom passa a ser considerado Mestre “ad vitam“, ou seja, vitaliciamente, somente depois de prestado o juramento do Grau 20. Podemos então asseverar que um dos deveres filosóficos do Soberano Príncipe da Maçonaria será o de se aperfeiçoar na Arte da Palavra, o que equivale a retroceder ao Grau 2 e dedicar-se, agora, no campo experimental, à arte da Retórica. Assim preparado, poderá o Maçom prosseguir na trajectória que tem o direito de concluir, até alcançar o Grau 30, ou seja, o “Kadosch”. O Venerável Grão-mestre adquire o nome de Ciro Artaxerxes. Não vamos qualquer razão para isso, pois, invocar o nome de um dos imperadores persas somente porque os adoradores do Fogo surgiram na Síria, precedendo o fausto império persa. O nome de Ciro está ligado à libertação de Jerusalém, permitindo a reconstrução do Grande Tempo de Salomão, destruído por Nabucodonosor. Outra personagem mencionada e que não tem grande ligação com o Grau é Zorobabel. Há uma confusão em torno do nome de Ciro que não poderia ser Ciro Artaxerxes. No ano 587 a.C. Nabucodonosor II tomou e destruiu Jerusalém, inclusive o Templo e levou os israelitas, mais conhecidos como judeus, para a Babilónia, como escravos, No ano 560 a.C. Ciro, rei de Azam, derrotou os babilónios quando o seu rei era Nabonido, dominou o reino e libertou os judeus. Sucedeu a Ciro, Cambises II, o seu filho mais velho; após, Dario, filho de Histaspes que deixou o maior império que o mundo já vira. Xerxes foi o sucessor de Dario, morrendo no ano 485 a.C. e lhe sucedeu Artaxerxes; a esse sucedeu Dario II, após, Artaxerxes II (405-359); após, veio Artaxerxes III que, não era descendente de Artaxerxes, o qual fundou Alexandria. No ano 330 a.C. Alexandre derrotou Dario III, tornando-se herdeiro do vasto Império. O cativeiro dos judeus durou até a conquista de Ciro; o imperador persa permitiu aos israelitas retornarem a Jerusalém e o que mais importava, o restabelecimento do culto a Javé. Muitos judeus preferiram permanecer na Babilónia e das suas escolas teológicas saiu o Talmude da Babilónia; outros fixaram-se no Egipto onde construíram o Templo de Elefantina; os que voltaram encontraram Jerusalém “helenizada”. Zorobabel reconstruiu o Templo, que não chegou a igualar o esplendor do anterior; a Arca de Aliança já não existia. Posteriormente, no ano de 320 os judeus tiveram com muita frequência de sofrer as consequências das rivalidades entre os reis do Egipto e da Síria e a partir do ano 169 a.C. foram perseguidos com crueldade por Antíoco Epifânio e libertados pelo levante dos Macabeus no ano 143 a.C.. No ano 64 a.C. a Judeia foi reduzida à condição de província romana por Pompeu, que fez demolir as muralhas de Jerusalém; após a invasão parta em 39 a.C. Herodes, o Grande, fez-se nomear, pelos romanos, Rei da Judeia. O Templo que tinha sido, pela segunda vez, destruído, foi mandado reconstruir por Herodes. No ano 70 da era actual, Jerusalém revoltou-se contra os romanos, porém o imperador Tito sufocou a rebelião e mandou destruir, novamente, o Templo. Em Roma, vê-se, ainda hoje, um grande Arco do Triunfo comemorativo daquele cruento evento. Um dos pontos altos do Grau 20 a relembrar a construção do Grande Templo de Salomão, contudo, não seria a primitiva construção, mas sim, a reconstrução feita por Zorobabel. O resumo do Grau está contido no questionário de recepção dos Soberanos Príncipes: P.: Sois Venerável Mestre de todas as Lojas? R.: Observai o meu zelo para a reconstrução do Templo. P.: Como chegaste até aqui? R.: Viajando através dos quatro elementos. P.: Que significam essas quatro viagens? R.: O fim do Mundo e a pacificação necessária para chegar à Verdade. P.: De onde vindes? R.: Da “via sacra” de Jerusalém. P.: O que vieste fazer aqui? R.: Visitar-vos, mostrar os meus trabalhos, e verificar os vossos e trabalhar convosco e aperfeiçoar-me entre vós. P.: O que trazeis? R.: Glória, Grandeza e Bondade. P.: O que desejais? R.: Ser por vós julgado digno, submisso e virtuoso. Rizzardo da Camino

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