sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E então Maçons?




Passadas as eleições e a grande expectativa de se saber quem lograria o sufrágio dos eleitores, tornando-se o nosso dirigente maior, evocamos as bênçãos do GADU no sentido de orientá-lo (a) na condução de seu governo e no destino de nossa nação, pátria do Avatar da Era de Aquarius!        Está em voga comentar que nossa Sacrossanta Instituição anda, há muito, distante das decisões políticas do país. De fato, já há quase um século, desde o “Estado Novo”, que não percebemos a participação direta da Maçonaria no cenário sócio-político brasileiro. Refugiamo-nos em nossos Templos e passamos a assistir à “Nau Brasil” a navegar à sorte das ondas, por mares revoltos e infestados de tubarões.        Proibiu-se a discussão política e religiosa em nossos Templos. De benfeitores da humanidade, tornamo-nos omissos espectadores dos problemas de nosso povo. Perdemos o poder de interferir como instituição e nos reduzimos a protestos estéreis de alguns Irmãos que, vagamente, lembram-nos a fibra dos ilustres Maçons do passado.        Em verdade, quando da chegada da Maçonaria ao Brasil, por volta das primeiras décadas do século XIX, havia, apenas, dois movimentos: o monarquista e o antimonarquista, encabeçados por Bonifácio e Lêdo, embora ambos tivessem o mesmo ideal: a Independência do Brasil. Hoje, a realidade é bem outra. Temos um pluripartidarismo, com o absurdo de 27 partidos políticos. Bem mais agravante, nossa Ordem, banhada pela vaidade de seus dirigentes, encontra-se fragmentada em uma infinidade, cada vez maior, de “potências”, se é que a palavra, etimologicamente, pode definir assim. Cada “potência”, que nasce, dilacera e mata, um pouco mais, a nossa Ordem, contrariando o dito popular, “a união faz a força”.        Neste pleito, foram eleitos alguns Maçons, reeleitos outros, mas, ainda assim, não temos uma expressiva Bancada Maçônica. Assistimos, com tristeza, a cada eleição, dentro de uma mesma “potência”, a vários candidatos disputando o mesmo cargo, uma demonstração de individualismo, desorganização e descomprometimento com a coletividade. Se pudéssemos aviar uma receita para essa doença (vaidade), indicaríamos a leitura diária, pela manhã, do livro bíblico Eclesiastes (Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!).        De certo, recolhidos em nossos Templos, pelo menos, da ritualística, estamos cuidando direito! Ledo engano! O que vemos, em muitas Lojas, é uma total profanação, por falta de conhecimento e consciência do que seja uma Escola Iniciática, tornando-as “clubes de serviços”, para atender interesses pessoais de alguns.        Os cargos de Vigilantes, que têm como principal função ministrar as instruções, viraram trampolins para se chegar ao Veneralato. Não mais se aplicam, aos Aprendizes e Companheiros, as instruções, são, apenas, lidas, e, diga-se de passagem, mal-lidas, desrespeitando-se pontuação e prejudicando a compreensão do seu conteúdo. Mal se cobram os Trabalhos para ascender aos Graus. Chegando-se ao Mestrado, diz-se que se atingiu a plenitude dos direitos maçônicos e não mais é preciso estudar ou apresentar Peças de Arquitetura. Lamentavelmente, tais Mestres serão os guias de novos Aprendizes e Companheiros, cegos guiando cegos à beira de um precipício.

(retirado do editorial da Revista Arte Real nº 45)

Autor: Francisco Feitosa
Escritor e Acadêmico, MI da ARLS Rui Barbosa nº 46 - GLMMG - Oriente de São Lourenço-MG, Grau 33º, Grande Inspetor Litúrgico da 14ª MG, Editor Responsável da Revista Maçônica Virtual Arte Real.

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