domingo, 2 de janeiro de 2011

Tempestades de Verão.


Vem chegando o verão, e com ele, as grandes tempestades. As condições meteorológicas podem se alterar rapidamente não apenas na rota, mas sobretudo no aeroporto de destino, e por isso voar com um combustível extra passa a ser quase uma obrigação. Linhas de instabilidade, massas de ar quente, centros de baixa pressão e mesmo aquela típica chuva de verão que cai no final do dia, fazem com que um voo possa ser bem mais trabalhoso que o normal. Os passageiros passam por momentos que não são nada agradáveis. Em alguns trechos da rota, principalmente nas chegadas e saídas, turbulência,  relâmpagos e muita chuva podem estar no nosso caminho, pois mesmo com o radar meteorológico ligado e efetuando os desvios necessários, nem sempre estamos livres do mau tempo.

     Um das rotas mais propensas a mau tempo é sem dúvida o trecho de Curitiba para Foz do Iguaçú.
Em voo de cruzeiro as margens para desvios são maiores, porém à medida em que vamos nos aproximando do destino, os desvios vão se tornando mais estreitos. Se o tempo no destino não é bom, qualquer minuto a mais de voo ocasionado por desvios excessívos, vai acarretar em um aumento no consumo e portanto uma diminuição no adicional de autonomia. Se o pouso não for possível em função da meteorologia, a quantidade de combustível nos tanques, junto com as condiçoes de tempo nos aeroportos de alternativa, vão determinar o rumo de ação. Aguardar a abertura do aeroporto, ou seguir para a alternativa A ou B. No caso de Foz do Iguaçú, a alternativa primária costuma ser Curitiba. Ainda podemos contar com Porto Alegre, e mesmo Chapecó, Londrina e Maringá, mas temos que ter em mente que aeroportos menores possuem uma infraestrutura mais precária, seja para o atendimento ao passageiro após um pouso não previsto, mas também em função dos auxílios de rádio-navegação para o pouso.

    Ontem mesmo, no voo de Curitiba para Foz, pegamos uma boa "pauleira" na descida. Em determinado momento até um raio veio a atingir o avião. BUM! Um raio difícilmente causa algum prejuizo ao voo ou dano à estrutura do avião. Mas dá um belo susto! Nós na cabine de comando percebemos que fomos atingidos por um raio, e após uma checada em todos os instrumentos de voo e motor, ao percebermos que estava tudo normal, não nos preocupamos. Felizmente, a aproximadamente 15 minutos para o pouso, saímos do mau tempo. No desembarque vários passageiros perguntaram se aquele estrondo tinha sido um raio. Disse que sim, que na verdade é mais comum do que parece. Melhor um raio que uma colisão com pássaro. Durante o tempo de solo o pessoal da manutenção fez uma inspeção rigorosa na aeronave em busca de danos que possam ser causados pelo raio. Fiz questão de dar uma volta ao redor do avião de olho em algum vestígio. Felizmente nada foi encontrado, nenhuma marca, nem sinal de onde fomos atingidos. Na volta para Curitiba a tripulação estava preparada  para encarar o mau tempo. Mas desta vez encontramos um caminho melhor, e de qualquer forma, passados 45 minutos as nuvens mais pesadas tinham se deslocado para outro setor.

    Desvios de 10,30, e até de 60 graus da rota são fáceis de serem realizados, embora tenham que ser decididos com rapidez, afinal o avião está avançando a quase 900 Km/h. Já os desvios com mais de 90 graus ou mesmo um retorno ao aeroporto de origem, por julgar que não há uma passagem segura entre as nuvens, torna-se uma decisão mais difícil, e que deve ser muito bem ponderada.

Por: Roberto Carvalho

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