terça-feira, 31 de maio de 2016
E DAÍ ?!?
Não me importa
Que quebre
Esta porta
Me estore
A cabeça
E me fira
Por dentro.
Sei que os trapos
Foram Rasgados
Em tempos passados.
Eu ignorava
O brilho crescente
Da tua nascente
A minha frente.
Hoje sozinho
Me ligo no vinho
Que foi
A minha cura
E que hoje
É minha loucura.
Não me importa
Que quebre
Esta porta
Me estore
A cabeça
E me fira
Por dentro.
Autor J.C.Queiroz 07.06.81
segunda-feira, 30 de maio de 2016
sábado, 21 de maio de 2016
AZUL, A COR MAÇÔNICA
Muitas vezes falamos da “Loja Azul” e de “Maçonaria Azul”, mas será que realmente entendemos o seu significado e sua origem? Refiro-me ao uso da cor “azul”, juntamente com Loja ou Maçonaria
Somos ensinados que o azul se refere à abóbada celeste e ensina a universalidade da Maçonaria. Isto é verdade e eu não iria criticar esse ensinamento, mas gostaria de acrescentar e ampliar o nosso pensamento sobre a cor azul e seu simbolismo na maçonaria.
Apropriadamente é a cor dos graus do Antigo Ofício. Ele ensina que é o símbolo para a amizade universal e benevolência universal, como é a cor da abóbada do céu, que abraça o mundo, por isso cada Irmão Maçom deve ser igualmente extensivo nas suas virtudes de companheirismo e amor fraterno.
Entre os antigos judeus o manto do éfode[1] do sumo sacerdote, a fita de seu peitoral e a placa da mitra eram azuis. O povo da nação judaica foi obrigado a usar uma fita azul acima da orla de suas vestes e esta foi a cor de um dos sete véus do templo[2].
Flávio Josefo[3] nos diz que a palavra hebraica para Azul era “tekelet” e que simbolicamente significa perfeição. Entre os Antigos, ser iniciado nos Mistérios era um caminho para atingir a perfeição e que falando na Maçonaria o azul, que também significa perfeição, também é utilizado para nossas Lojas Simbólicas.
Entre os druidas simbolizava “verdade”. Os egípcios consideram o azul como uma cor sagrada, significando natureza celestial. Jeremias diz que os babilônios vestiam os seus ídolos de azul, e os chineses em sua filosofia mística o “azul” representou o símbolo da Divindade. Os hindus afirmam que o seu Deus, Vishnu, foi vestida de azul celeste, indicando assim que a sabedoria de Deus foi simbolizada por esta cor.
Entre os cristãos medievais o azul foi considerado o emblema da imortalidade, como o vermelho era do Amor Divino de Deus.
A cor azul é usada extensivamente nos graus do Rito Escocês, com vários significados simbólicos; tudo, no entanto, mais ou menos relacionada ao seu caráter original como representando amizade universal e benevolência.
No Grau 19 (Grand Pontífice), o azul é símbolo de brandura, da fidelidade, da mansidão. No grau 20 (Mestre “ad Vitam”) ele é usado juntamente com o amarelo e refere-se ao aparecimento do Senhor a Moisés no Monte Sinai nas nuvens de azuis e douradas. No 24º grau (Príncipe do Tabernáculo) é a cor da túnica e do avental de um Príncipe do Tabernáculo, cujos ensinamentos se referem a nossa mudança a partir desta casa de barro para a “casa não feita por mãos, mas a eterna morada nos céus”. Aqui é um símbolo do céu, como nos foi ensinado na Loja Simbólica.
Aprendemos, portanto, que pelo costume e simbolismo e não por qualquer lei aprovada ou estatutos, usamos azul ao se referir a uma Loja Simbólica como uma “Loja Azul”
[1] Artigo de vestuário exterior particular, no estilo de uma túnica ou avental utilizado pelo Sumo Sacerdote de Israel
[2] Êxodo 26:31-33
[3] Historiador e Apologista Judaico-Romano que registrou em loco a destruição de Jerusalém.
Por Foster H. Garret, 33º
Tradução: Luiz Felipe Roszenweig, M∴I∴
Diálogos de um velho Cobridor – I:1
Os “Diálogos do Velho Cobridor” são uma série de pequenas peças escritas pelo Ir∴ Carl Claudy no ano de 1924. São 70, no total, divididas em 7 capítulos. O YORK BLOG disponibilizará a tradução de dois diálogos por semana para os seus leitores, às terças e quintas.
Capítulo I – Shekinah
- Uma Loja nasceu
“E então, o que você achou? ”, perguntou o velho Cobridor ao maçom novato, tão logo saíram do salão em que uma loja havia acabado de ser consagrada, dedicada e constituída. “Não é sempre que temos a oportunidade de assistir a esta cerimônia”.
“Não ligo se nunca mais a assistir de novo”, respondeu o novato. “É quente lá dentro, muito blá-blá-blá, apenas palavras sem sentido. Para que toda essa entulhação? Para que os grãos, o vinho e o azeite? Por que não dizer apenas ‘vocês agora são uma Loja, vão em frente e trabalhem’ e acabar logo com isso?”
“Você preferiria que o Mestre dissesse ‘esta Loja está aberta’ e ‘ esta Loja está fechada’ ao invés?”, perguntou o velho Cobridor.
“Não chegaria a tanto”, respondeu o novato. “Mas a cerimônia me entediou. Sequer vejo razão para uma nova Loja, de todo modo!”.
“Ah! Então é isso!”. O velho Cobridor sorriu. “Você não gostou da linda cerimônia que acabamos de testemunhar porque você não simpatiza com a criação de uma nova Loja neste momento!”
“Eu não diria isso”, adiantou-se o moderno.
“Você, por acaso, gostaria de ter sido eleito para algum posto nesta nova Loja, e eles escolheram outra pessoa?”
O irmão novato não respondeu.
“Haverão outras Lojas!”, disse o velho Cobridor, confortando-o. “E você é bem novo na Maçonaria para aspirar a um posto numa Loja nova. Mas não posso permitir que você permaneça com essa indisposição para uma das mais belas cerimônias de nossa amada Ordem. Você por acaso já assistiu uma cerimônia de formatura de alguma escola ou faculdade?”
“Minha filhinha acabou de concluir o primário na semana passada”, respondeu o novo irmão. “Por que?”
“Aposto que ao menos uma parte da cerimônia você viu de olhos marejados”, respondeu o velho Cobridor. “Ver todos aqueles rostinhos e garotas e garotos deixando a infância e entrando na adolescência, dando um grande passo em direção ao colegial, e depois à faculdade, encarando um futuro desconhecido tão despreocupadamente…. seu coração não foi tocado por saber de todas as decepções e corações partidos que essas crianças deverão passar?”
“Claro!”
“Você não seria um pai benevolente de outro modo! Para mim, a consagração, dedicação e constituição de uma Loja é algo assim. Uma pequena loja surge bravamente, É composta de maçons que não têm outras responsabilidades maçônicas. Eventualmente alguém pode encontrar um Mestre Instalado que queira se juntar a eles, mas geralmente são oficiais novos, verdes. Eles convencem as autoridades de que têm competência para conferir os graus, mas quem lá sabe sua habilidade para tornar a Loja um todo coerente, seu tato para manter a harmonia, seu conhecimento para a necessidade da prática da fraternidade em Loja?
Eles vêm, esses irmãos bravos e brilhantes, e a Grande Loja executa esta bela cerimônia. Os grãos, o vinho, o azeite, são despejados por eles. São consagrados a Deus, aos Santos de nome João, e constituída membro desta grande família de Lojas sob esta Grande Loja. Mestres de outras Lojas estão presentes para lhes desejar sucesso. Alguns trazem presentes – joias dos oficiais, as ferramentas, às vezes uma pequena ajuda em dinheiro para que a tesouraria possa começar.
Eles não têm tradições em que se apoiar. Eles não têm assuntos de conhecimento comum que os una. Eles não têm um passado sobre o qual possam falar. Tudo o que eles têm em comum é a Maçonaria e a responsabilidade mútua – suas esperanças, seus medos, seus planos e sua determinação. Uma página em branco, onde escreverão sua história Maçônica. O laço místico é tudo o que sabem sobre uma vida em Loja. A Grande Loja os pronuncia uma Loja, lhes confere uma carta constitutiva ou patente, e eles estão nascidos. Para mim é uma visão simples, bonita, patética e interessante, e nunca me canso de vê-la”.
“Sou um tolo” disse, convicto, o novo maçom. “Cobridor, por que o Primeiro Diácono recolheu os grãos que foram usados e os guardou?”
“Ele não poderia recolher o azeite e o vinho, pois foram derramados”, respondeu o velho Cobridor. “Mas aqueles poucos grãos serão guardados até que a nova Loja possa ela própria apoiar a instalação uma nova Loja, quando então lhes oferecerá, para que sejam consagrados com os mesmos grãos usados pela Grande Loja.”
“Oh, sou mesmo um tolo”, lamentou o novo Maçom. “Pode me levar consigo na próxima cerimônia, por favor?”
O velho Cobridor grunhiu. Mas soou como uma promessa.
Por Carl Claudy (1879-1957)
Tradução: Edgard da Costa Freitas Neto, M∴ M∴ - York Blog -
AVISO: O tradutor desconhece quem detenha os direitos autorais da obra de Carl Claudy, e não reivindica para si senão a autoria da presente tradução. É livre a utilização e reprodução do texto para uso doméstico ou educativo, desde que atribuída a autoria do texto e da tradução.
DISCLAIMER: The translator does not claim either authorship or ownership of it, except for the translation, which is intended for fair use for educational purposes only.
terça-feira, 17 de maio de 2016
A LETRA "G" NA MAÇONARIA
Qual o significado da letra “G” comumente presente no centro do Esquadro & Compasso?
Vários autores apontam vários significados, muitos dos quais absurdos: God, GADU, Grande Geômetra, Ghimel, Gama, Geração, Gênio, Gnose, Gomel, Glória, Gibur, Gibaltrar, etc. Há ainda aqueles autores que, sem conseguirem se aprofundar na pesquisa sobre o tema, preferem afirmar que o verdadeiro significado do “G” é um grande mistério maçônico, talvez nunca revelado. Uma desculpa um tanto quanto poética. A letra G é um daqueles tantos símbolos que sobrevivem aos séculos mas, infelizmente, perdem seu significado original, ganhando vários outros significados ao longo do tempo. E vez ou outra, um desses significados novos prevalece, sepultando de uma vez por todas o original. Séculos atrás, conhecimento era algo raro, reservado a pequena parcela da população, restrito aos poucos com berço ou condições financeiras para tanto. Naqueles tempos, a Geometria era tida quase como uma ciência sagrada, mãe da arquitetura e da construção, sem a qual as Catedrais não podiam ser planejadas e concluídas. As crianças não aprendiam Geometria nas escolas, como ocorre atualmente. Apenas aqueles que trabalhavam com construções aprendiam tais lições. Em resumo, a Geometria era a ciência do maçom operativo, uma ciência que os distinguia dos demais, que tornava possível a execução da Arte Real, que levanta templos às virtudes. A presença do “G” no Templo é representativo da Geometria como a ciência maçônica; como foco do estudo, conhecimento e prática do trabalho maçônico; e principalmente como origem da Arte Real, base para o uso de todas as ferramentas do maçom. Esse significado pode ser comprovado em todos os antigos Catecismos Maçônicos que se tem conhecimento. A letra “G” definitivamente não é “God” ou qualquer outro nome relacionado ao Grande Arquiteto do Universo. Apenas nas línguas anglo-saxãs, a palavra referente a Deus começa com “G”, enquanto que o uso do “G” também sempre constou nos países de línguas latinas. Se “G” fosse God (inglês e holandês) ou Gott (alemão), então nos países como França, Espanha, Itália e Portugal utilizariam um “D”: Dieu (francês), Dios (espanhol), Dio (italiano) e Deus (português). E isso não aconteceu e não acontece, nem nesses países e nem nos que adotam as línguas latinas. Já a palavra “Geometria” mantém sua letra inicial tanto nas línguas anglo-saxãs como nas latinas: Geometry (inglês), Geometrie (holandês e alemão), Géométrie (francês), Geometría (espanhol), Geometria (italiano e português). O surgimento de novos significados para o “G” foi surgindo entre o século XVIII e XIX, quando os intelectuais-maçons da época, achando a simbologia maçônica de certa forma simplista, começam a inventar significados considerados por eles mais profundos e adequados para os símbolos maçônicos e pegar emprestado símbolos de outras fontes (astrologia, alquimia, cabala, templários, etc), criando novos rituais e ritos. Ao indicar num mesmo ritual que uma única letra tem 07 diferentes significados, não relacionados entre si, os “sábios da maçonaria” daquela época, assim como os de hoje, revelam uma informação importantíssima a todo maçom estudioso: na tentativa de “florear” nossa simbologia, se mostram grandes incoerentes. Sim, “G” é apenas “Geometria”. Pode não parecer muita coisa hoje, mas na época era. Espero que o próximo maçom a se aventurar em escrever sobre o “G” na Maçonaria não subestime a inteligência de seus irmãos. Não basta apenas pegar o dicionário, abrir no “G”, selecionar algumas palavras legais e depois filosofar um pouquinho sobre elas. É exatamente assim que perdemos a nossa história.
Por Kennyo Ismail
terça-feira, 3 de maio de 2016
O ÂNGULO DO COMPASSO NA MAÇONARIA
Qual o ângulo em que deve ser aberto o Compasso e por quê?”
Antes de tratar do tema especificamente, devemos nos lembrar que os símbolos não são fórmulas fixas, variando de formas e significados conforme o tempo e as culturas e, no caso maçônico, também conforme os “achismos” dos ritualistas e autores. Por esse motivo, pode-se encontrar significados e explicações diferentes para um determinado símbolo maçônico conforme variações de país, obediência, rito, época, etc.
No caso do ângulo de abertura do Compasso, você encontrará por aí várias opções, cada uma com sua respectiva teoria e seus defensores:
- O compasso aberto em 45° nos três graus simbólicos;
- O compasso aberto em 60° nos três graus simbólicos;
- O compasso aberto em 72° nos três graus simbólicos.
- O compasso aberto em 30° no Ap, em 45° no Comp, e em 60° no Mestre;
- O compasso aberto em 30° no Ap, em 60° no Comp, e em 90° no Mestre;
Veja que os ângulos variam entre 30° e 90°. Será que há algum motivo oculto para isso? Nenhum, além do fato que em menos de 30° ou mais de 90° o desenho do Compasso com o Esquadro fica um tanto quanto desarmônico!
Você poderá encontrar vários diferentes significados para o(s) ângulo(s) do Compasso. Segue os mais comuns:
- Teoria dos “30°, 45°, 60°”: representa o alcance do conhecimento humano. O Maçom aumenta seu intelecto conforme o grau, mas nunca ultrapassa 1/6 (60° em 360°), que seria o “limite humano”. – Em resumo, chamam o Aprendiz de retardado mental;
- Teoria dos “30°, 60°, 90°”: representa a relação do espírito com a matéria, em que o Aprendiz começa com o Compasso mais fechado, mostrando que a matéria está prevalecendo, e o Compasso vai se abrindo a cada grau, mas chegando ao máximo no ângulo da matéria (esquadro), de 90°. – Será que se abrir mais do que 90°, o maçom morre?!?;
- Teoria dos “72°”: representa o ângulo interno das pontas do Pentagrama, símbolo presente na Estrela Flamígera e desvendado por Pitágoras. - Mas o Esquadro e o Compasso não têm juntos 06 pontas?.
Das teorias do Compasso com ângulo fixo nos três graus, a teoria de 60° é a mais forte, presente na maioria dos rituais e gravuras atuais. Essa teoria se reforça nas seguintes questões:
- É comum relacionar o símbolo do Esquadro e Compasso com o do Hexagrama (estrela de seis pontas), ou melhor, a Estrela de Davi, que é um símbolo muitas vezes relacionado ao GADU e ao Templo de Salomão. As 06 pontas do exagrama possuem o ângulo interno de 60°.
- O triângulo perfeito, que seria o símbolo maior da Maçonaria, com 3 lados iguais, é composto por 3 ângulos internos de 60°.
- Considerando o Esquadro como símbolo da retidão e o Compasso como símbolo da perfeição, o Esquadro forma o triângulo-retângulo, 90° (retidão), e o Compasso em 60° forma o triângulo-perfeito (perfeição).
Porém, apesar de mais coerente e comum, a teoria do ângulo de 60° não é a correta. Aliás, nenhuma pode ser considerada como a verdadeira, a original.
Infelizmente, vê-se na Maçonaria uma tendência em adicionar à nossa simbologia significados extras, ocultos, inexistentes. O Compasso é apenas mais um típico exemplo disso. Uma breve análise de gravuras maçônicas de Esquadro e Compasso do século XVIII e XIX, quando do nascimento das primeiras Obediências e Ritos, é o bastante para comprovar que não havia uma conformidade no ângulo de abertura do Compasso. O símbolo era sempre composto de um Compasso aberto e um Esquadro, mas pouco importando o ângulo do compasso que, conforme as gravuras, era sempre inexato: 32°, 44°, 56°, 64°, etc.
Infelizmente, vê-se na Maçonaria uma tendência em adicionar à nossa simbologia significados extras, ocultos, inexistentes. O Compasso é apenas mais um típico exemplo disso. Uma breve análise de gravuras maçônicas de Esquadro e Compasso do século XVIII e XIX, quando do nascimento das primeiras Obediências e Ritos, é o bastante para comprovar que não havia uma conformidade no ângulo de abertura do Compasso. O símbolo era sempre composto de um Compasso aberto e um Esquadro, mas pouco importando o ângulo do compasso que, conforme as gravuras, era sempre inexato: 32°, 44°, 56°, 64°, etc.
Enfim, essa preocupação “numerológica” é coisa bem mais recente, apenas outro “enxerto” em nossos rituais.
Autor Kennyo Ismail
Todos sabem que o anel do grau 33 deve ser de ouro. No entanto, esse objeto de desejo de tantos maçons não é cobiçado pelo valor de seu metal, e sim pela dignidade que ele representa. Se no Brasil, um maçom deve dedicar algo em torno de 6 a 10 anos para alcançar o 33º grau (a não ser que ganhe acesso ao restrito Elevador de Jacó), tempo esse que serviu de inspiração para o termo “faculdade de Maçonaria”, nos EUA muitos são os que falecem no 32º grau ou, no máximo, no 32,5º, o KCCH.
Porém, um maçom dos EUA resolveu quebrar essa “regra de ouro”. Ninguém menos do que Frank Sherman Land, o fundador da Ordem DeMolay, quando investido no grau 33, em 1925, adotando um anel de prata, em vez de ouro. Essa iniciativa lhe trouxe muita dor de cabeça na época, que foi diminuindo com o tempo e sua projeção como um dos mais importantes maçons de todos os tempos.
A polêmica do anel de prata já havia desaparecido quando, em 1945, seu grande amigo, conterrâneo e Presidente, Harry Truman, também foi investido no grau 33. Muitos foram os que relataram ter visto o Presidente Truman, em algumas ocasiões, ostentando também um anel de prata do grau 33. Alguns acreditaram que ele estava utilizando o próprio anel de Frank Sherman Land. Mas quem ousaria criticar de alguma forma o Presidente dos Estados Unidos?
A amizade de Frank Sherman Land e Harry Truman era conhecida por todos. Land era tido como o melhor amigo de Truman, que elogiava publicamente Land sempre que possível e se pronunciava também publicamente em favor da Ordem DeMolay, iniciativa de seu amigo. Há inclusive a célebre frase que Truman teria dito a respeito de Land: “Frank gosta de mim, apesar dos meus defeitos, e gosto dele porque ele não tem nenhum”. Assim, a ideia de que Truman usara o anel de Land não era totalmente absurda.
O anel de Frank S. Land é mantido em exposição, junto de outros pertences maçônicos, desde seu falecimento, e o uso do mesmo anel, ou de um similar, por Truman, caiu no esquecimento como uma lenda. Isso até dezembro do ano passado, quando o anel de Truman foi descoberto. Um anel de prata, idêntico ao de Land, e cujas inscrições internas comprovam que havia sido um presente de Land para Truman.
E agora, em abril deste ano, pela primeira vez os dois lendários anéis de prata do grau 33, de dois dos mais famosos maçons do mundo, serão expostos em conjunto, na 2016 Truman Lecture, conduzida por Clifton Truman, escritor e pesquisador maçônico, neto do Presidente Truman.
autor Kennyo Ismail
Atualmente o Brasil tem enfrentado uma de suas maiores crises políticas, o que tem incitado maçons e grupos de maçons a defenderem a bandeira da atuação política da Maçonaria, muitas vezes apelando à suposta atuação política da Ordem na história do Brasil.
Muitos são os maçons, Lojas ou até mesmo Obediências maçônicas brasileiras que acreditam que, na qualidade de maçons ou da Maçonaria, podem exprimir opiniões favoráveis ou contrárias a algum político ou partido político.
Deve-se levar em consideração que, em 1938, a Grande Loja Unida da Inglaterra e as Grandes Lojas da Escócia e da Irlanda publicaram conjuntamente, “The Aims and Relations of the Craft”, que basicamente é a relação dos princípios fundamentais da Maçonaria, que garantem a regularidade dessas três Grandes Lojas e daquelas que as mesmas reconhecem ou venham a reconhecer. Esses princípios são compreendidos como universais pela comunidade maçônica regular internacional. Observe com atenção o item 6 de tais princípios:
Enquanto a Maçonaria inculca em cada um dos seus membros os deveres de lealdade e de cidadania, reserva-se ao indivíduo o direito de ter sua própria opinião em relação a assuntos políticos. Entretanto, nem em uma Loja, nem a qualquer momento em sua qualidade de maçom, lhe é permitido discutir ou fazer promover seus pontos de vista sobre questões teológicas ou políticas (GRIFO NOSSO).
Ora, tendo a Ordem Maçônica seu aspecto de universalidade no que tange a religiões e convicções políticas, que se autodeclara eterna defensora das liberdades civil, religiosa, política e intelectual, como poderia a mesma permitir um posicionamento maçônico que emita preferência política a favor ou contra quem ou o que quer que seja, sem desrespeitar o direito universal de seus membros, independente se maioria ou minoria, e, principalmente, sem desrespeitar sua própria natureza?
É por essa razão que uma das obrigações maçônicas mais antigas declara que “um maçom na sua qualidade maçônica não faz nenhum comentário sobre política, ou que possa ser interpretado como se aliasse sua Grande Loja com um determinado partido político ou facção”.
E a Maçonaria Regular leva esse princípio e essa regra muito a sério. Tanto que, há poucos anos atrás, a Grande Loja Nacional Francesa perdeu o reconhecimento das mais importantes Grandes Lojas da Europa, da América do Norte e de outras partes do mundo, simplesmente por ter publicado uma carta aberta de apoio a um candidato. E muito precisou ser feito para que a GLNF começasse a recuperar, aos poucos, tais reconhecimentos. No entanto, por alguma razão, algumas instituições maçônicas brasileiras cometeram irregularidade idêntica na última eleição presidencial. Sorte que a repercussão de uma carta aberta da Maçonaria no Brasil tem muito menos relevância, impacto e divulgação do que em outros países.
Mas você tem total direito de pensar que, se for para a Maçonaria mudar o país, “vale o risco”. Entretanto, parafraseando Burke, “a Maçonaria que não conhece a sua história está condenada a repeti-la”. Convido-o a analisar quais foram as consequências da atuação política da Maçonaria brasileira:
Em 1816 é fundada em Pernambuco a Grande Loja Provincial de Pernambuco, tendo como seu Grão-Mestre o Irmão Antônio Carlos de Andrada e Silva. Ela era subordinada ao Grande Oriente Brasileiro, fundado em 1809, em Salvador – BA, a verdadeira Primaz do Brasil (não confundamos com o Grande Oriente do Brasil, fundado apenas em 1822, no Rio de Janeiro). Essa Obediência pernambucana, em menos de um ano depois de sua fundação, foi a principal promotora da Revolução Pernambucana. Resultado: uma lei régia de 1818 proibiu o funcionamento da Maçonaria no Brasil, fechando as portas do Grande Oriente Brasileiro, de sua Grande Loja Provincial de Pernambuco e de todas as suas Lojas. E a Maçonaria brasileira demorou quatro anos para se recuperar do tombo e se reorganizar.
Então chegamos no período entre junho e setembro de 1822, utilizado como argumento maior dos defensores de tal atuação política por parte da Ordem, quando temos o surgimento do Grande Oriente do Brasil e sua intenção de promover a independência do Brasil. Com apenas três Lojas (a anterior, de iniciativa nordestina, tinha 09 Lojas quando foi fechada), o GOB já se encontrava totalmente dividido pela questão política, tendo à época a polarização entre a turma de Lêdo e a turma de Bonifácio. Um grupo perseguia o outro pública, política e legalmente. Isso foi bom para a fraternidade? Certamente que não. Havia harmonia nas Lojas e na Obediência? Com absoluta certeza, não. E dessa vez valeu a pena? Vejamos… O GOB não colaborou com a Independência, realizando uma reunião sobre o assunto dois dias após Dom Pedro I já tê-la declarado e comemorado em São Paulo, e um dos primeiros atos do novo Imperador foi ordenar o fechamento das portas da Obediência e suas Lojas, proibindo a Maçonaria, o que fez com que a Ordem, mais uma vez, adormecesse. Dessa vez por uma década inteira.
Poderíamos prosseguir com tal análise histórica, como na Era Vargas e na Ditadura Militar, mas não se faz necessário. Fato é que, quando as organizações maçônicas brasileiras se envolveram em questões políticas, elas sucumbiram ou traíram seus próprios princípios e membros, tornando-se apoiadoras de regimes não democráticos (mesmo a Maçonaria sendo a mãe da democracia moderna) e às vezes até expulsando, ou pior, delatando, membros da Ordem que eram no mundo profano declaradamente de ideologia oposta a tais regimes outrora instalados. Resumindo, a atuação política da Maçonaria brasileira (clara irregularidade maçônica) só obteve como resultado sérios prejuízos à fraternidade, entre perseguições e injustiças a irmãos; divisões; traições; adormecimento institucional; desvirtuação e descumprimento de princípios; etc. E nós, como maçons, não podemos permitir que tal irregularidade e tamanhos prejuízos continuem a ser produzidos pela simples vaidade de alguns irmãos que querem se declarar membros de uma instituição protagonista de mudanças políticas.
Afinal de contas, Maçonaria é uma bela escola de moralidade, baseada em alegorias e símbolos. Não é partido político nem tem objetivo ou finalidade questões políticas. Seu objetivo de promover a felicidade da humanidade é pelo amor, pelo auto aperfeiçoamento, pela tolerância pelo respeito às opiniões de cada um, ou seja, princípios e valores morais que ela ensina. Não é por meio da derrubada, permanência ou mudança de políticos, partidos ou regimes de governo. Se um maçom deseja isso (e tem total direito de desejar), que corra atrás, mas bem longe da Maçonaria, sem uso do esquadro e do compasso para tal.
Se uma Loja ou Obediência comete a irregularidade maçônica de apoiar A, como ficam os maçons, mesmo quando minoria, que apoiam B, C ou D? Ou mesmo, que optam pelo voto nulo ou em branco? Desde quando deixamos de nos colocar no lugar do próximo, de dar o benefício da dúvida, para nos tornarmos os detentores da verdade absoluta? Desde quando a seara política se tornou um campo preto e branco, de lado 100% certo e outro 100% errado?
O maçom, na qualidade de cidadão, tem total direito e até dever cívico de atuar politicamente. Enquanto maçom, não. Se exigimos o terno ou balandrau preto dentro de Loja, e temos uma justificativa de neutralidade e universalidade para isso, não podemos concordar com uma camisa amarela ou vermelha estampando o esquadro e o compasso. Nosso primeiro dever enquanto maçom é preservar a Maçonaria. E não é isso que temos visto por aí. Não precisamos estar condenados a repetir os mesmos erros do passado. Sejamos melhores que nossos antecessores, ou essa escola de moralidade não estará cumprindo seu dever de aperfeiçoamento moral a que se tem prestado há séculos.
autor Kennyo Ismail
OS LAÇOS INDISSOLÚVEIS ENTRE O RITO DE YORK E A ORDEM DeMOLAY -
A estrita relação entre o Rito de York e o surgimento da Ordem DeMolay é amplamente conhecida no meio maçônico norte-americano e de outros países, mas ainda pouco difundido no Brasil. Isso provavelmente se deve ao fato da Ordem DeMolay ter aterrissado em terras brasileiras por intermédio do Rito Escocês, mais especificamente do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, no início da década de 80, época essa em que o Rito de York, apesar de maior e mais antigo, ainda não havia sido implementado no país.
Bom, não há como falar em surgimento da Ordem DeMolay sem falar sobre Frank Sherman Land, idealista e fundador da Ordem. Ele ingressou na Maçonaria em maio de 1912, chegando ao grau de Mestre Maçom no mês seguinte (algo comum nos EUA), na Loja “Ivanhoe #446” de Kansas City, jurisdicionada à Grande Loja do Missouri. Sua Loja, assim como todas do Missouri e da maioria dos estados dos EUA, adotava (e ainda adota) o Rito de York. E, ao se tornar um Mestre, seu primeiro interesse além da Loja Maçônica foi logicamente pelo Rito de York. Menos de um mês depois de se tornar Mestre, em 23 de julho de 1912, Frank S. Land ingressou em um Capítulo do Real Arco, o Capítulo “Kansas City #28”, que funcionava em sua Loja, sendo adiantado a Mestre de Marca. Em outubro do mesmo ano foi induzido ao grau de Past Master Virtual e recebido e reconhecido como Mui Excelente Mestre. E no final do mesmo mês, foi exaltado a Maçom do Real Arco. Em seguida, foi a vez de galgar os graus crípticos no Conselho Críptico “Shekinah #24”. Já no final do ano de 1912, já como um maçom críptico, Dad Land ingressou no Rito Escocês Antigo e Aceito. E posteriormente, em 1913, Dad Land foi investido nas Ordens de Cavalaria do Rito de York, por meio da Comanderia “Kansas City #10”, que também trabalhava em sua Loja.
Como se pode ver, nos primeiros meses de Maçonaria Frank Sherman Land, nosso Dad Land, dedicou-se ao Rito de York e seus profundos ensinamentos. E ele manteve-se filiado e frequente a esses corpos até quando de seu falecimento. Como exemplo, em 1944, apesar de sua dedicação à Ordem DeMolay tomar muito de seu tempo, Dad Land foi um dos fundadores do Conselho Críptico “Kansas City #45”, formado majoritariamente por membros de sua Loja Simbólica e Capítulo do Real Arco, para funcionar na sede de sua Loja.
Seu ingresso no Shriners ocorreu em 1931, chegando ao posto mais alto, de Potentado Imperial, em 1954. Como líder maior do Shriners International, Dad Land pôde fazer ainda mais pela Ordem DeMolay, que alcançou naquela época o ápice de membros iniciados. E, em 1951, Dad Land foi condecorado com a Medalha de Ouro do Real Arco Internacional, a maior honraria concedida por esse corpo. Por sinal, Dad Land, foi o primeiro e um dos pouquíssimos a recebe-la.
Como sabemos, Dad Land fundou a Ordem DeMolay em março de 1919. No verão daquele ano, ele convenceu o maçom Frank Marshall de ajuda-lo a elaborar um ritual para seu clube de jovens. O ritual, ou melhor, rituais dos dois graus originais da Ordem, foram desenvolvidos em tempo recorde: menos de 24 horas. Isso somente foi possível por uma única razão: eles utilizaram a estrutura de outro ritual como padrão: o dos graus simbólicos do Rito de York! Isso se mostrou conveniente, considerando que a intenção era de que os futuros Capítulos DeMolays funcionassem nas Salas de Lojas (Templos, como chamam no Brasil) das Lojas Simbólicas dos Estados Unidos. Como essas Lojas tinham uma disposição específica, era melhor se adaptar a ela.
Essa estrutura do Rito de York, felizmente adotada por Land e Marshall, estão presentes até os dias de hoje, sem alterações, e evidenciam a união indissolúvel entre a Ordem DeMolay e o Rito de York. Desde a existência de Capelão e Marechal (este último chamado de Mestre de Cerimônias no Brasil por influência do REAA), cargos inexistentes no REAA; o bastão curto do Marechal; o Segundo Diácono atendendo a porta; o altar no centro da Sala (originalmente no REAA ele fica no Oriente); o andar em esquadria; o momento Em Doença e Aflição; até mesmo a sagrada e intransponível linha entre o Altar e o Mestre Conselheiro; todas essas e tantas outras são características emprestadas pelo Rito de York.
Outras características, como a reunião já se iniciar com todos na Sala, sem procissão de entrada; e a palavra circular livremente, sem uma ordem específica; tão normais e conhecidas por qualquer maçom do Rito de York, foram vistas como “estranhas” aos maçons brasileiros quando da chegada da Ordem DeMolay. O resultado foi a modificação de várias partes do ritual até então inalterado da Ordem DeMolay para uso no Brasil. Essas adulterações têm sido retiradas pelo Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa do Brasil nos últimos anos, numa honrada tentativa de se retornar ao original.
Agora, algo pouco mencionado é a resistência que Dad Land sofreu quando da criação da Ordem DeMolay. Se no Brasil, durante as décadas de 80 e 90 (para não dizer que ainda ocorrem atualmente), muitas foram as dificuldades para convencer os maçons de permitirem garotos utilizarem seus “templos”, imagine como foi lá nos idos da década de 20… Não havia nada comparável na época. Foi preciso que Dad Land conseguisse o apoio e endosso de organizações maçônicas de peso. E a primeira a atender esse importante chamado foi o Real Arco Internacional, seguido pelo Grande Acampamento de Cavaleiros Templários: as duas maiores organizações internacionais do Rito de York.
Assim, vê-se claramente que não existiria Ordem DeMolay sem Rito de York. E hoje, considerando que muitos dos principais líderes do Rito de York são Seniores DeMolays (tanto lá nos EUA como aqui no Brasil), podemos afirmar, sem medo de errar, que não existiria Rito de York sem Ordem DeMolay! Ainda, como Dad Land disse, o que diferencia a Ordem DeMolay de qualquer outra organização juvenil é que… “ela tem um ritual”! E o cerne desse ritual está no Rito de York. É por essas razões e tantas outras que, neste mês de março de 2016, em que comemoramos os 97 anos da Ordem DeMolay, oro: Que Deus abençoe o Rito de York e a causa da Ordem DeMolay!
Texto de autoria de Kennyo Ismail
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