Para distinguir-se da multidão que permanece supérflua em sua maneira de pensar, convém aprender a meditar profundamente. Para esse efeito, o isolamento silencioso impõe-se, porque nós não podemos seguir o curso de nossos pensamentos, senão evitando aquilo que nos distrai; retirar-se para a solidão foi, pois, outrora, o primeiro ato do aspirante à sabedoria. Fugir do tumulto dos vivos para refugiar-se perto dos mortos, a fim de inspirar-se naquilo que eles sabem melhor do que nós, tal nos parece haver sido o instinto dos mais antigos adeptos da Arte de Pensar.
A deusa da Vida, a grande Ishtar, instruía os sábios por seu exemplo, quando, voltando seu rosto na direção do país sem retorno, ela renunciava aos esplendores do mundo exterior para penetrar nas trevas de Aralou.
É preciso descer a si mesmo para iniciar-se. Os heróis mitológicos, cujas explorações subterrâneas nos são poeticamente contadas, foram Iniciados vitoriosos do ciclo das provas inelutáveis. Na realidade, o Inferno dos filósofos não é outro senão o mundo interior que trazemos em nós. É o interior da terra, ao qual se reporta o preceito alquímico: Visita Interioria Terrae, Rectificando Invenies Occultum Lapidem, frase cujas palavras têm por inicial as sete letras de VITRIOL. Esta substância devia levar o Hermetista a visitar seu próprio interior, a fim de aí descobrir, em retificando, a Pedra escondida dos Sábios.
Trata-se de uma pedra cúbica que se forma no centro do ser pensante, quando ele toma consciência da certeza fundamental em torno da qual se realizará a cristalização construtiva do Templo de suas convicções.
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