quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Grau 12 – Grão-Mestre Arquitecto (REAA)

 



Avental do Grau 12 – Grão-Mestre Arquitecto (REAA)

O grau doze é denominado Grão-Mestre Arquitecto, e, como o seu nome deixa entrever, refere-se aos segredos da construção. Da mesma forma que o grau anterior, ele é dado por comunicação, não obstante o elevando deva conhecer o seu conteúdo , pois que ela encerra alguns dos mais importantes ensinamentos do conjunto da doutrina maçónica.

A Loja é denominada “ Loja dos Grãos-Mestres Arquitectos”. Por isso é que o seu painel destaca com mais propriedade os símbolos dos artífices construtores, bem como os resultados do seu ofício, simbolizados no esquadro com o vértice voltado para baixo, cinco colunas formando uma perspectiva planisférica, (uma menor no meio, duas maiores ao lado, duas maiores que estas nas extremidades), e um compasso aberto em 45º por sobre o esquadro, com as letras R N. Nas paredes, os cortinados brancos, salpicados de chamas, lembram as etapas pela quais o psiquismo do iniciando deve passar para realizar o processo regenerativo da sua consciência. No Oriente, uma estrela flamígera reina, soberana, entre as sete estrelas da Ursa Maior, para mostrar que é deste centro agregador de energia que provém a luz que fará do Maçom esse homem novo, regenerado, pronto para ser a pedra de sustentação do edifício social.

Nas mesas consagradas ao Presidente da Loja, e aos 1° e 2º Vigilantes, são colocados estojos de matemática e um candelabro de três luzes. O estojo contém um compasso de cinco pontas, uma régua paralela, um tira-linhas e uma escala. Estes são os instrumentos de trabalho do operário Maçom. O presidente da Loja é tratado por Grão Mestre e os Vigilantes por Mestres Arquitectos.

Diz a lenda do grau que o rei Salomão, ao ouvir os clamores do povo, sendo ele um rei justo e sábio, quis dar uma organização ao seu cronograma de obras, não só visando terminar a construção do templo, mas também outras construções de interesse do seu governo.

A Bíblia fala da construção do famoso Palácio de Salomão, construção que levou treze anos para ser erigida. E também da Casa do Bosque do Líbano, que, ao parece, era uma espécie de Tribunal, onde se processavam os seus famosos julgamentos. Diz a Bíblia que

“Todos estes edifícios eram de finíssimas pedras, que tinham sido serradas de uma mesma forma e medidas, tanto por dentro como por fora, desde os fundamentos até o cimo das paredes, e por fora até o átrio maior. Os fundamentos também eram de pedras grandes de dez ou de oito côvados. E dali para cima havia pedras belíssimas cortadas em igual medida, e cobertas também de cedro. E o átrio maior era redondo, de três ordens de pedras cortadas, e de uma ordem de cedro lavrado; e o mesmo tanto no átrio interior da casa do Senhor, como no pórtico da casa”.

(Reis, 1 a 9)

Estas informações do cronista bíblico dão-nos conta de quão desenvolvida era a ciência dos Obreiros da Arte Real, já na época de Salomão. E reforça a nossa crença de que os introdutores das tradições hebraicas nos ritos da Maçonaria moderna, longe de criarem “monstruosidades supersticiosas inúteis”, como disse Samuel Pritchard, sabiam muito bem o que faziam com o desenvolvimento destas lendas. Na verdade, a construção do Templo de Salomão, bem como a estrutura do Reino de Israel, a sua mística e a sua organização política, tem tudo a ver com a ideia de uma Maçonaria mundial, estabelecida como elo espiritual entre homens de boa vontade, cujo ideal comum é encontrar, finalmente, a fórmula segura para se construir a utopia longamente sonhada.

Já vimos que nas mais antigas disposições a respeito da Arte Real já se encontram alusões às excelências da arquitectura hebraica. As antigas tradições estabelecem uma ligação entre a construção do Tabernáculo, que foi uma espécie de templo itinerante construído pelos israelitas no deserto, quando eles ainda peregrinavam em busca da terra da promessa, e a edificação do Templo de Salomão. Anderson, com a imaginação que caracteriza os seus escritos, diz que “deixando de lado o que não pode ser comunicado por escrito, podemos com autoridade afirmar, que por mais ambiciosos que os Pagãos tenham sido para cultivar a Arte Real, eles não atingiram jamais a perfeição, até que Deus se dignou a ensinar o seu Povo eleito a construir a majestosa Tenda supra mencionada, e a construir, afinal, essa magnífica Casa, própria à Refulgência especial da sua Glória, onde ele morava entre Querubins, sobre o Propiciatório, e de onde dava frequentemente as Respostas oraculares.”

As disposições dadas por Deus para a construção do Tabernáculo foram reproduzidas na construção do Templo de Salomão, propriamente dito. Reza a tradição que cada Loja maçónica é uma representação simbólica daquele templo. Desta forma, o que se quer mostrar com este simbolismo arquitectónico é, nada mais nada menos, a forma pela qual o Grande Arquitecto construiu o mundo. O Tabernáculo, bem como o Templo de Salomão, é a representação do próprio universo. Esta é a ideia que nos é passada por todos os manuais maçónicos.

João Anatalino Rodrigues – Do livro “Conhecendo a Arte Real”, Madras, São Paulo, 2007.


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